sábado, 14 de fevereiro de 2015

Negociações com o MEC reabrem o site do FIES

Mobilização dos estudantes provoca reabertura do Sistema Informatizado de Financiamento Estudantil (SisFies)


O comunicado feito na quinta-feira (12) pelo Ministério da Educação (MEC) de que o programa informatizado para o Financiamento Estudantil (SisFies) será reaberto no próximo dia 23 e que ficará disponível até o dia 30 de abril, pode ter congestionado o site.  A partir de 30 de março, entretanto, será exigida a pontuação mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Nas redes sociais, a página Movimento em defesa do Fies já está com mais de 45 mil curtidas, e conta com troca de informações, que antes eram protestos irreverentes, como uma marchinha de carnaval chamada Má Nota no FIES, cujo número de visualizações ultrapassa de  20 mil no youtube (http://youtu.be/n8mlg1VhLWU). Outros grupos que também congregam estudantes, pais e professores, agora trocam mensagens comemorando a vitória e de esclarecimento de dúvidas.


A adesão aos grupos no facebook, continua crescendo e fortalece a união de estudantes de todo o Brasil, que encontram nas redes sociais uma forma eficaz de comunicação e protesto. Outra forma, um pouco mais sofisticada, é a postagem de músicas, como a marchinha.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Estudante desabafa sobre o FIES

Kênia Lima, 
Estudante de Medicina da Multivix - ES

“Nós, estudantes, viemos fazer um pedido de socorro e de justiça, pois o nosso direito à educação está na iminência de ser violado pelo Ministério da Educação(MEC) por meio da portaria 21, do dia 26 de dezembro de 2014.

A presidente Dilma, durante toda a sua campanha, disse que a educação seria prioridade no seu governo, conquistando o voto de muitos estudantes. Entretanto, assim que reassumiu o cargo, fez cortes drásticos nesse setor, com destaque para o financiamento estudantil( FIES), do qual tirou um valor considerável de verbas. Para tanto, aprovou a portaria 21, que estipula uma nota mínima de 450 pontos no Enem e nota maior que zero na redação como exigências para se obter fies, o que eliminará 20% da demanda por esse benefício.

O problema é que a forma como essa portaria foi imposta violou nossos direitos de acesso à educação. O Enem foi realizado em novembro e a lei lançada em dezembro. Ou seja, fomos aprovados nas universidade particulares e nos preparamos para tanto tendo por base as regras antigas, que exigiam apenas que fizéssemos o Enem de qualquer edição a partir de 2010, sem estipulação de nota mínima. Assim, muitos estudantes não fizeram a redação do Enem, pois ela tem peso zero em algumas universidades federais( como a UFES) e até então não era exigida para ingresso no fies, muito menos a média de 450 pontos. Se nos preparamos quando vigoravam as regras antigas, são elas que nos deveria ser impostas.

O Ministro da Educação afirmou que nenhum estudante será prejudicado, pois essa portaria valerá apenas para estudantes que se cadastrarem no FIES a partir de 30 de março de 2014. Esse é o prazo de noventa dias para que uma população se adeque a novas leis. Entretanto, tal prazo está sendo violado pelo MEC, pois o site do FIES está fora do ar para novos cadastros e com prazo de ´manutenção' indeterminado. Em todos os anos anteriores, tal site ficava pronto nos primeiros dias de janeiro. O Ministro deu a entender que o site pode ficar pronto quando as novas regras já vigorarem, dizendo primeiro que o site ficará pronto até 30 de março e depois que isso ocorrerá até o fim do ano.
Para piorar, o Ministro da Educação ameaça mudar novamente as regras do fies para nós que já estamos matriculados, de modo a transformar o fies em um processo como o PROUNI e o SISU, por meio da imposição de uma nota de corte no Enem. Além disso, está em conflito com as universidades particulares, visando a uma mudança no contrato para repassar apenas oito mensalidades anuais para elas em vez das doze.

Enquanto isso, a rotina dos estudantes é acessar a página do fies todos os dias, a tensão, o desespero, a falta de fome.Vários jovens estão desnorteados. Cada mês que passa é uma mensalidade nova que chega. Muitos, sem condições de pagar essas mensalidades, não veem outra alternativa a não ser largar o curso. Outros ainda se arriscam e permanecem no curso, sem saber se terão o financiamento e correndo o risco de se endividarem se não o obtiverem.


Nós fazemos um pedido de apelo, contando com a ajuda do Ministério Público, das emissoras de televisão, da ordem dos advogados, do supremo tribunal federal, dos nossos educadores, dos pais, das mães. Enfim, de todo o povo brasileiro. Queremos o nosso direito à educação, queremos justiça, queremos que a presidente cumpra o que disse em sua campanha, queremos educação. E, para tanto, não é nada mais justo que sejamos aprovados no fies por meio das regras antigas, para as quais nós, que já estamos matriculados em instituições particulares de ensino, nos preparamos. Esperamos, também, que o site volte ao ar imediatamente para novos cadastros e que o governo devolva as verbas destinadas ao FIES para não sermos prejudicados.”